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O “Evangelho” da Cobiça
O “Evangelho” da Cobiça

 

Ex 20: 17 – “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.

 Palavra introdutória

O título é duro, triste e contraditório, pois “Evangelho” significa “Boa Nova”, então “Boa Nova da Cobiça” parece não fazer sentido, mas é exatamente isso que estamos ouvindo em muitos lugares onde se deveria pregar a “Boa Nova” do reino.

Entenda-se por reino o domínio de Deus sobre nós e, conforme Milles Monroe, a capacidade de dominarmos a nós mesmos que nos foi outorgado pelo Espírito Santo, após a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Milles Monroe disserta que após a vinda de Cristo e a derrota do pecado, o primeiro a ser dominado é nosso próprio coração. A capacidade de nos dominarmos é fruto do Espírito (Gl 5.23).

Paulo afirma que o homem sem Cristo é escravo do pecado, pois não tem alternativa de não pecar ( I Co 7:21 e 22). Após Jesus o homem se torna escravo de Cristo, no entanto escravo livre, inclusive para voltar a condição de pecar deliberadamente, pois entende a diferença entre pecar e não pecar e tem livre arbítrio para isso.

A inspiração

Era outono de dois mil e dezesseis, precisamente naquela tarde fria do dia dezesseis de maio, quando me senti impelido e inspirado pelo Espírito Santo a ministrar em nossa comunidade dez mensagens baseadas no capítulo vinte do livro do Êxodo.

Imediatamente me coloquei a pensar como deveria começar. Se pelo primeiro mandamento ou por outro. A resposta veio quase que imediatamente: “Não cobiçarás”.

Sempre entendi nos dez mandamentos que o Eterno queria tratar conosco através deles propondo dois tipos de relações para nossas vidas. Se o caro leitor observar, os quatro primeiros propõe o ajuste das relações entre Deus e o ser humano, já os seis últimos regulamentam as relações entre os seres humanos, ou seja , entre eu o meu próximo.

Assim sendo, vamos analisar o décimo e que “Ele” nos ajude a entender o quer de nós nesse em específico. Não tenho a pretensão de dizer que esgotarei o assunto, mas tenho certeza que te darei uma visão bastante reflexiva sobre o que este mandamento nos propõe e o evangelho que hoje está sendo pregado em nosso meio.

Os Dez mandamentos

1 - Não terás outros deuses diante de mim,

2 - Não farás ídolos,

3 - Não pronunciarás o nome de Deus em vão,

4 - Lembra-te do dia do descanso (Shabbath)

 

5 - Honra a teu pai e tua mãe

6 - Não matarás

7 - Não adulterarás

8 - Não furtarás

9 - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo

10 - “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.

 

Filosofando

René Girard, filósofo, historiador e filólogo francês foi professor de literatura comparada na Universidade de Stanford, Califórnia, Estados Unidos, propôs a teórica da mimese ou da mimética, considerando que o mimetismo é a origem da violência humana que desestrutura e reestrutura as sociedades.

René pergunta – “De onde vem a violência, as guerras, a insegurança urbana, os conflitos familiares?”

René responde – “Dentro de nós há um ímpeto competitivo alimentado pelo desejo de ter o que o outro tem”.

Nesse aspecto, à cobiça damos sinônimo de inveja. E por que isso? Porque somos carentes.

A sociedade consumista estimula a posse como meio de alcançar a felicidade. Os padrões estabelecidos é sermos como os outros são, termos o que os outros tem, viver como os outros vivem. Logo quando não alcançamos o mesmo “status quo” idealizado como expressão da felicidade, olhamos para nós mesmos e dizemos – “Sou infeliz”.

Segundo o filósofo isso é inconsciente, mas estimulado pelo consciente.

Logo, o querer desmedido estimulado pela ânsia do ter produz disputas sem fim, onde os fins justificam os meios. Pelo menos na visão de muitos.

 A cobiça à luz da Palavra

Para continuarmos vamos ler o que está escrito na Epístola de Tiago no capitulo 4: 1-6; 10. 1Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?    2Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis.    3Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.    4Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.    5Ou pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?    6Todavia, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes.  10Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.   

Em uma análise exegética do capítulo 18 do livro de Apocalipse entendemos que o julgamento do comércio da “Grande Babilônia” será implacável. Haverá um julgamento pelo investimento equivocado que produz prostituição, luxúria, disputa desenfreada e morte.

Quando Lúcifer, conforme descrito em Ez 28.1-16, comercializou o que não era seu e com isso incitou a violência (pecado), foi derrubado impiedosamente pelo Eterno.

A cobiça gera anomalias, o que é formoso se torna feio, o que resplandece se apaga, o que é santo se profana e o que é angelical se demoniza.

O Evangelho da cobiça

Há pessoas vindo para Deus por causa da cobiça, ou seja, do “ter” ao invés de “ser”. O alvo de muitos não é relacionar-se com Deus aqui preparando-se para a eternidade, aliás, não pensam tanto na eternidade, ou se pensam, imaginam-na como uma extensão de uma vida boa aqui. Não estou dizendo que temos que viver do modo “franciscano”, mas a busca desenfreada do “ter” em detrimento do “ser” definitivamente não é o propósito de Deus para os seres humanos. Entendo que sua proposta é que vivamos aqui em total dependência dEle, lutando para comer do suor do nosso rosto, mas não objetivando viver o céu aqui.

Digo sempre aos jovens que tenho oportunidade de aconselhar, estudem, vão para a faculdade, façam pós, preparem-se, o Espírito os capacitará, mas não fiquem sentados esperando que Deus faça o que cada um tem que fazer.

Contentem-se com vosso “soldo” disse João aos soldados em Lc 3.13. Um pequeno esclarecimento sobre esse texto - Não entendo que o contentamento signifique estagnação, pelo contrário, o soldado busca ser cabo, sargento e até oficial, mas na sua função deve estar contente desempenhando as funções para as quais é pago, até que mude de posto. Agora, mudança de posto não depende do oficial maior, e sim do desempenho do soldado.

O alvo de muitas pessoas não é Deus, mas o que Ele pode dar. Pior, “se Ele deu para outro, porque não pode dar a mim?”

Essa postura tem sido potencializada por mensagens que extraem textos bíblicos que eram exclusivos para um povo, pessoa, época, região, etc, e aplicam a todos os que foram comprados pelo sangue de Cristo.

Quero usar como exemplo o rei Davi. A maioria de nós já ouviu alguém pregar que reinaremos aqui como Davi, pois Jesus nos comprou para reinar. Essa afirmação está baseada no cântico de Ap 5.9-10, onde lemos – “9e eles cantavam um cântico novo: “Tu és digno de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. 10Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus; e assim reinarão sobre a terra”. mas perceba, “reino de sacerdotes” (KJV, NVI e Grego Transliterado) e não “reis e sacerdotes”. Nem todos reinaremos como Davi nessa vida, mas todos seremos um reino (domínio do Cristo) e seus sacerdotes, ou seja, aqueles que levarão as questões humanas ao Criador pelo “novo e vivo caminho”. Aleluia.

Muitas mensagens geram expectativas que quando não se cumprem produzem frustração no expectador.

Muitas mensagens não estão oferecendo a cruz de Cristo, não estão oferecendo Deus, mas oferecendo a cobiça.

Leiamos Filipenses 2 5- 11 – “5Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6o qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não reivindicou o ser igual a Deus, 7mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo plenamente a forma de servo e tornando-se semelhante aos seres humanos. 8Assim, na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, entregando-se à obediência até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus também o exaltou sobremaneira à mais elevada posição e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; 10para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, 11e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.

Muitas mensagens afirmam – “Deus tem que te dar”, “a Palavra dEle não volta vazia”, “você vai comer o melhor dessa terra”.

Qual o conceito de “melhor”? Melhor conforme a Palavra ou conforme a cobiça do coração?

Ex 20: 17 – “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.

Não cobicemos a casa do próximo – Sua forma de vida

Não cobicemos a mulher do próximo – Seu prazer

Não cobicemos os servos do próximo – Sua força e forma de trabalho

Não cobicemos seu bois e jumentos – Sua forma de transportar sua produção e sua formas de deslocamento

Não cobicemos nem coisa alguma do próximo – Tudo o que ele tem.

Conclusão

Quero concluir com dois textos.

Tg 4.7-15 (KJV) 7Portanto, sujeitai-vos a Deus. Resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós! 8Achegai-vos a Deus, e Ele acolherá a todos vós! Pecadores, limpai as vossas mãos, e vós que tendes a mente dividida pelas paixões, purificai o coração, 9entristecei-vos, arrependei e chorai. Abandonai o riso fácil e pranteai, trocai a vossa euforia pelo pesar. 10Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará! Não julgar ou falar mal dos irmãos 11Caros irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem se põe a falar contra algum irmão ou passa a julgar o seu irmão, acaba protestando contra a Lei e a julga também. Ora, se passas a julgar a Lei, cessas de obedecê-la e assumis a posição de juiz. 12Um só é o Legislador e Juiz, Aquele que pode salvar e aniquilar. Tu, no entanto, quem és, para julgar o teu semelhante? Submeter nossos planos a Deus 13Agora, prestai atenção, vós que aclamais: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá nos estabeleceremos por um ano, negociaremos e obteremos grande lucro”. 14Contudo, vós não tendes o poder de saber o que acontecerá no dia de amanhã. Que é a vossa vida? Sois, simplesmente, como a neblina que aparece por algum tempo e logo se dissipa. 15Em vez disso, devíeis afirmar: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”.

Mt 6.19-33 (KJV) 19Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. 20Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. 21Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração. Um corpo iluminado 22Os olhos são a lâmpada do corpo. Portanto, se teus olhos forem bons, teu corpo será pleno de luz. 23Porém, se teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em absoluta escuridão. Por isso, se a luz que está em ti são trevas, quão tremendas são essas trevas!SSE Servir somente a Deus 24Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon. Descanso na providência divina 25Portanto, vos afirmo: não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as roupas? 26Contemplai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Não tendes vós muito mais valor do que as aves? 27Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida? 28E por que andais preocupados quanto ao que vestir? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. 29Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão, em todo o esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles. 30Então, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 31Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que iremos comer? Que iremos beber? Ou ainda: Com que nos vestiremos? 32Pois são os pagãos que tratam de obter tudo isso; mas vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas. 33Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.

Alguns evangelistas pregam que se buscarmos primeiramente o reino e Deus e sua justiça, todas as coisas nos serão acrescentadas, mas o texto não diz que serão todas.

O texto diz todas essas coisas.

Vamos fazer a pergunta que não quer calar – “Que coisas são essas?”

Jesus afirma que a preocupação com o que havemos de comer, beber e vestir não pode acrescentar um côvado a nossa estatura. Então Ele afirma que se buscarmos o reino (domínio de Deus sobre nós) e a justiça que Ele é, Ele suprirá nossa necessidade de comer, beber e vestir. Entendeu? Simples assim.

Oremos – “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu Nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão diário. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do Maligno. Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o grande amor de Deus, a comunhão e consolação do Espírito Santo, seja com todos nós, hoje e sempre. Amém.

Conforme disse o Pr. Paulo Borges Junior em uma de suas ministrações – “o Espírito Santo levou Jesus ao deserto. Quem propôs bênçãos em troca de adoração foi o enganador no deserto”.

Deixemos a cobiça. Entreguemos nosso dia a dia Ele.  

Não ao “Evangelho da Cobiça”. Sim ao Evangelho da cruz.

Shalom.